A escolha da rota de fuga para repatriar brasileiros do Líbano em meio ao conflito no Oriente Médio pode ter implicações diplomáticas significativas, segundo o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan.
Em entrevista ao Live CNN, o especialista destacou que a decisão do governo brasileiro emitirá um sinal claro sobre seu posicionamento no cenário internacional.
De acordo com Trevisan, a seleção do trajeto para a retirada dos cidadãos brasileiros não é apenas uma questão logística, mas também uma decisão política com potencial para influenciar as relações diplomáticas do país.
“A rota que for feita para tirar os brasileiros de lá emitirá um sinal”, afirmou o professor, enfatizando a importância da cautela nesse processo.
Impacto diplomático da escolha da rota
O especialista explicou que diferentes opções de rota podem transmitir mensagens distintas sobre a posição do Brasil no conflito: “Se nós usarmos uma rota via Europa, via Estados Unidos, nós estamos dando um sinal muito claro da nossa escolha. Se nós usarmos a rota pelo aeroporto sírio sob proteção russa, nós estamos dando um outro sinal.”
Trevisan também apontou para um possível “duelo de visões” dentro do próprio Itamaraty sobre como o Brasil deve se posicionar em relação ao Oriente Médio.
Ele identificou duas correntes principais: uma mais tradicional, que defende uma postura mais equidistante do conflito, e outra mais engajada politicamente.
Visões divergentes no governo brasileiro
O professor destacou que essas diferentes perspectivas podem ser observadas na própria estrutura do governo.
Ele mencionou o discurso do presidente Lula na Assembleia Geral da ONU como um exemplo da visão mais tradicional, enquanto a presença de Celso Amorim em um segundo plano poderia representar uma abordagem mais engajada.
“Até mesmo na rota de fuga dos brasileiros, até mesmo nessa rota, essas duas visões vão aparecer”, concluiu Trevisan, ressaltando a complexidade da situação e a importância da decisão do governo brasileiro neste momento crítico.