Multidão sai às ruas da Argentina para protestar por financiamento de universidades públicas

CNN Brasil

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Milhares de pessoas saíram às ruas de Buenos Aires e outras cidades argentinas nesta quarta-feira (2) para protestar contra cortes no orçamento de universidades públicas, após o presidente Javier Milei ameaçar vetar uma lei aprovada pelo Congresso que prevê reajustes de financiamento para as instituições.

“[Essa lei] dá ao sistema universitário previsibilidade orçamentária e uma resposta para crítica situação salarial, estabelecendo um piso de aumento de acordo com a inflação e recuperando o poder aquisitivo do salário”, disse Piera Fernández, presidente da Federação Universitária Argentina, em discurso para os manifestantes, que incluíam estudantes, docentes, sindicalistas e movimentos de esquerda e kirchneristas.

Segundo a líder estudantil, a lei aprovada demandaria 0,14% do PIB para ser implementada. O texto prevê que o governo atualize os orçamentos de 2024 para universidades, que aumente os salários dos docentes desde dezembro de acordo com a inflação do período e que a partir da sanção da lei, sejam atualizados mensalmente de acordo com o índice e que valores das bolsas de estudo sejam aumentados anualmentes

A Casa Rosada afirma não estar contra a reivindicação de maior orçamento para a educação pública, mas afirma que não há recursos para a aplicação da lei sancionada, e já afirmou que irá vetá-la.

“O governo está a favor de melhorar o financiamento das universidades e entendemos que a forma para isso é na discussão do orçamento nacional e não outra. Enquanto o resultado do aumento orçamentário mantiver nosso equilíbrio fiscal nós jamais vamos ter nenhum problema com isso”, disse nesta terça (1) o porta-voz da Casa Rosada.

A atual administração disse ainda que todos os legisladores “devem fundamentar de onde tirarão o dinheiro para executar os aumentos que propõem”. “ [Os aumentos] podem ser válidos e genuínos, mas senhores, precisamos saber o que pretendem cortar para pagar por esses aumentos”, afirmou Adorni.

O governo Milei alega ter oferecido um aumento salarial de 6,8% acima da inflação aos docentes e ter aumentado em 270% os gastos de funcionamento das instituições em maio e dado 49 bilhões de pesos a hospitais universitários, e afirma que há prestações de contas não feitas pelas faculdades.

As instituições e estudantes, no entanto, dizem que as negociações salariais são unilaterais e “sem vontade de acordo”, que o sistema científico do país foi desfinanciado, que mais de 100 obras de infraestrutura estão paralisadas e redução de bolsas e programas de apoio a estudantes.

A Argentina enfrenta uma grave crise econômica, com inflação anual de mais de 236% e mais da metade da população na pobreza.

Milei tem conseguido reduzir o índice inflacionário, após aumentos bruscos de preço em dezembro e janeiro, dois primeiros meses do mandato. O principal eixo do programa econômico do libertário é o corte de gastos públicos, que o governo já afirmou que continuará.

As medidas de austeridade levaram o país a registrar o oitavo superávit fiscal primário consecutivo, de 899,66 bilhões de pesos (US$ 934,7 milhões), em agosto, segundo o ministério argentino da Economia.

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by:cnnbrasil

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