Análise: Desastres naturais podem redesenhar percepção dos eleitores americanos

O furacão Milton, que se aproxima da costa dos Estados Unidos, pode ter um impacto significativo na corrida presidencial americana, faltando menos de um mês para as eleições marcadas para 5 de novembro. A analista de assuntos internacionais Fernanda Magnotta, em entrevista à CNN Brasil, destacou como desastres naturais de grande proporção podem redesenhar a percepção dos eleitores em relação aos candidatos e líderes políticos.

Magnotta enfatizou: “Desastres naturais de grande proporção, como é o caso desse furacão em particular, são muito importantes, inclusive porque podem redesenhar a percepção de um certo público em relação aos candidatos, aos líderes, enfim, a maneira como esses líderes lidam com situações de emergência”.

A analista lembrou o impacto do furacão Katrina, em 2005, que afetou severamente a imagem do então presidente George W. Bush, marcando o que muitos consideraram ‘o começo do fim’ de seu governo. A crítica à gestão da crise e à dificuldade em organizar recursos para assistência humanitária e reconstrução prejudicou significativamente a administração republicana.

Atual cenário eleitoral

Citando dados recentes do estatístico Nate Silver, Magnotta apresentou o atual cenário eleitoral nos EUA: uma disputa acirrada com 55% de probabilidade para Kamala Harris e 45% para Donald Trump. A analista ressaltou que a vantagem de Harris é recente e apertada, com poucos eleitores indecisos restantes.

O governo Biden, do qual Harris faz parte, enfrentará o desafio de lidar com os danos causados pelo furacão Milton, além de outras crises globais. Isso coloca à prova a capacidade de liderança e gestão de emergências da atual administração.

Por outro lado, Trump, fora do governo, tem a oportunidade de explorar o episódio para apontar possíveis fraquezas na gestão democrata. Magnotta alertou sobre a disseminação de desinformação, citando recentes declarações falsas de Trump sobre o uso de recursos federais.

“Estamos diante de um período bastante decisivo, reta superfinal, corrida definida na vírgula, indecisão no horizonte e um fenômeno como esse que vai colocar à prova a capacidade desses atores de se manter equilibrados dentro das suas estratégias”, diz a analista sobre este momento decisivo.