Horário de verão vai voltar? Entenda em que pé está a discussão

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Com a forte estiagem que assola o país, o governo vem cogitando a possibilidade do retorno do horário de verão – extinto em 2019 – para aliviar o consumo de energia elétrica nas casas.

Para embasar a decisão, o Executivo pediu estudos técnicos aos setores responsáveis, e tem feito rodas de conversas com representantes do setor e ouvido a opinião pública.

Na próxima terça-feira (15), o governo vai “acabar com essa dúvida dos brasileiros”, segundo o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira. O chefe da pasta afirmou que uma reunião técnica está agendada para a próxima terça para concluir o debate sobre o retorno do horário de verão.

A informação foi dada à CNN após participação no Fórum Esfera, que ocorre em Roma nesta sexta-feira (11).

Desde o início de setembro o governo federal discute a possibilidade da retomada da estratégia. O horário de verão teve fim ainda durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que justificou, na época, que não era mais necessária a continuação da política por não gerar mais a economia prevista.

Apesar da possibilidade ventilada, Silveira afirma que só haverá retorno da medida caso seja imprescindível. “Se não, vamos esperar o período hídrico, que começa agora em dezembro, e avaliar para o ano que vem”, afirmou.

Atualmente, o Brasil passa pela seca “mais intensa da história recente”, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). De acordo com o órgão, esta é a pior estiagem dos últimos 74 anos.

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro, defende que a medida seja adotada ainda este ano.

“O ideal é que seja no primeiro sábado após o segundo turno da eleição, ainda esse ano. Tecnicamente deixar pro ano que vem não faz sentido. A hipótese de deixar para o ano que vem já indica que não há vontade política para tal”, avalia o professor.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende em bastidores que a decisão seja estritamente técnica. Castro afirma que esse deve ser o critério principal, uma vez que as condições da operação de energia elétrica mudaram radicalmente nos últimos anos.

“Hoje temos mais energia solar do que naquela época. Falando tecnicamente, o indicado é que há ganho para o sistema elétrico, e consequentemente para a sociedade adotar o horário de verão, para minimizar a sobrecarga no sistema termelétrico”, explica.

Para além disso, com intuito de evitar o impacto dado pela imprevisibilidade da geração de energia dependente da natureza, alternativas já são estudadas pelo governo federal. Uma delas é o uso de baterias para armazenagem de energia como estratégia para curto prazo.

Silveira confirmou em setembro que em 2025 haverá um leilão para contratar baterias e sistemas de armazenamento de energia para o setor elétrico com a finalidade de impulsionar a tecnologia no Brasil e tentar atrair grandes produtoras de baterias.

Assim, o sistema elétrico nacional poderá ter mais potência para suprir os picos de energia sem sobrecarregar a geração via termelétricas.

Outra alternativa, elaborada para o médio prazo, é a utilização de usinas reversíveis. A estratégia geraria novos usos para as plantas das grandes hidrelétricas já existentes no Brasil, funcionando também como artifício de armazenagem de energia. Países como Portugal já utilizam o mecanismo há décadas.

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