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O Ibovespa recuava aos 133 mil pontos nesta quinta-feira (12), à medida que investidores analisam dados dos Estados Unidos e a decisão de juros do Banco Central Europeu em busca de sinais sobre a trajetória da política monetária em ambas as regiões. Dólar também acompanhava a queda, com perda de quase 0,5%.
Às 14h20, o Ibovespa recuava 0,53%, aos 133.975,70 pontos. Na última sessão, o principal índice do mercado brasileiro fechou com avanço de 0,27%, aos 134.676 pontos, puxada por gigantes do mercado brasileiro.
No mesmo horário, o dólar tinha queda de 0,49%, cotado a R$ 5,633. A moeda norte-americana encerrou a quarta-feira (11) em R$ 5,649 na venda, com perda de 0,1%.
No cenário internacional, os Estados Unidos divulgou dados de pedidos iniciais de auxílio-desemprego e de preços ao produtor, consolidando as apostas de um afrouxamento gradual na taxa de juros a ser feito pelo Federal Reserve, com as apostas indicando um corte inicial de 25 pontos-base na próxima semana.
Na Europa, o BCE decidiu reduzir os juros em mais 25 pontos-base, em meio a piora nas projeções de crescimento para a zona do euro, mas evitou fornecer qualquer sinal sobre o que fará no próximo encontro dos membros, em outubro.
Já no cenário nacional, o mercado pondera as perspectivas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 17 e 18 de setembro, com a grande maioria das previsões apontando para uma alta de 25 pontos-base na Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
As atenções se voltaram mais cedo para a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para o CanalGov, em que reforçou o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas, mas sinalizou que o ajuste fiscal não ocorrerá sobre aqueles que dependem do Estado brasileiro.
Mercado de trabalho nos EUA
O Departamento de Trabalho dos EUA informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego na semana encerrada em 7 de setembro ficaram em 230.000, em linha com o esperado e pouco acima dos 228 mil pedidos da semana anterior, ante 227 mil anunciados anteriormente.
Os dados de auxílio-desemprego têm recebido atenção especial dos mercados em meio a mudança de foco do Fed para o esfriamento adicional do mercado de trabalho, uma vez que a inflação está desacelerando para sua meta de 2% e números recentes mostraram um enfraquecimento na abertura de novos postos de trabalho.
O resultado desta semana não alteraram as expectativas de operadores, que têm consolidado suas apostas em torno de um corte de 25 pontos-base nos juros do Fed na próxima semana. Eles veem essa redução com uma chance de 87%, patamar visto na véspera.
Na Europa, o foco estava em torno da decisão de política monetária do BCE, que realizou um novo corte de 25 pontos-base em sua taxa de juros, o que era amplamente esperado pelos investidores.
Em coletiva de imprensa após a reunião, a presidente do BCE, Christine Lagarde, não forneceu nenhuma indicação sobre o movimento do banco central em seu próximo encontro, em outubro.
“A reunião do BCE de hoje mostrou o que já se era esperado, autoridades seguindo o roteiro sem desviar do padrão de ‘dependência dos dados’”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
“No entanto, a revisão para baixo nas previsões de crescimento (…) reforça nossa visão para a reunião do Fed de setembro, em que um corte de menor magnitude deve ser acompanhado por uma revisão considerável nas projeções, o que apoiaria o argumento de um dólar mais fraco”, completou.
Cenário nacional
No cenário nacional, investidores se posicionavam para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em 17 e 18 de setembro, em que se espera uma alta de 25 pontos-base na Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
Nesta sessão, operadores colocavam 96% de probabilidade de tal movimento na próxima semana.
Quanto maior o diferencial entre os juros no Brasil e em economias fortes, como os EUA, melhor para o real, que se torna mais atraente para investimentos.
Economistas do Itaú revisaram cenário, passando a esperar um ciclo de alta de juros 1,50 ponto percentual começando no próximo dia 18, “em um contexto de taxa de câmbio pressionada, expectativas de inflação desancoradas e alguma revisão — ainda que pequena — do hiato do PIB”.
A equipe chefiada pelo ex-diretor do BC Mario Mesquita estima Selic de 11,75% ao final de 2024, com uma alta adicional em janeiro de 2025, alcançando um nível terminal de 12%.
Em paralelo, permanecem dúvidas sobre uma melhora fiscal de fato, o que afeta também a curva de juros brasileira.
Deputados concluíram nesta quinta-feira votação do projeto de lei que estabelece transição de três anos para o fim da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores e para a cobrança de alíquota cheia do INSS em municípios com até 156 mil habitantes, com medidas compensatórias para o benefício.
De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o projeto deve permitir compensar totalmente o impacto fiscal do benefício em 2024. O texto agora aguarda sanção presidencial.
Na visão do gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, a bolsa é contaminada pela curva de DI, que reflete as revisões recentes sobre a Selic em 2024 e 2025, influenciadas principalmente pela frustração com um contingenciamento mais frouxo do que o imaginado anteriormente.
*Com informações de Reuters