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O fim da escala 6×1 pode impactar o setor produtivo em quase R$ 40 bilhões, conforme estimativas da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Dados apresentados pela entidade mostram que a redução da carga horária semanal pode resultar em uma perda de mais de R$ 8 bilhões para as indústrias brasileiras, e de R$ 38 bilhões para os setores produtivos de modo geral.
Em entrevista ao CNN Money, o presidente da Fiemg, Flávio Rascoe, apontou que um dos problemas é fazer essa redução de horas em momento em que há pleno emprego.
Sua avaliação é que não há margem necessária de trabalhadores ociosos para suprir a mão de obra que cobre esse intervalo que será cortado.
“Se você reduzir 30% do número de horas que as pessoas do Brasil inteiro trabalham, produtos e serviços vão faltar. Quem come vai comer menos, e quem consome roupa vai consumir menos roupa. A alternativa é transferir toda a produção para o importado”, argumentou Rascoe.
“E aí, toda a economia perde. Quando transfere do local para o importado, transfere-se recursos para outro lugar, e aí todo mundo empobrece.”
Outro ponto que ele levanta é a perda de espaço para as negociações entre patrões e sindicatos.
“Quando você, de maneira geral, restringe todas as atividades a um teto de carga horária, você está retirando competitividade da economia. E quando você faz isso num cenário de pleno emprego, que é o cenário da economia brasileira, a gente nem sabe o tipo de catástrofe que isso vai gerar”, disse o presidente da Fiemg.
A estimativa de outra das entidades da área, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), aponta que a PEC pode custar R$ 115,9 bilhões ao ano para a indústria nacional.
Empregador terá tempo de transição, diz deputada
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), autora da proposta, afirmou que a medida de acabar com a escala 6×1 para os trabalhadores “vai ter um tempo de transição” para os empregadores.
“O empregador vai ter o tempo de transição, vai ter o tempo de adaptação – mas ele não pode fugir”, disse em entrevista à CNN.
Ao falar em não poder “fugir”, a deputada se referia a não deixar brechas para que o fim da escala – se aprovada – não seja cumprida.
“Essa mudança vai ser gradual. O texto prevê um tempo, e esse tempo pode ser adaptado a depender das conversas que nós façamos com os setores, para entender a dinâmica dessa mudança“, declarou.
O único ponto de debate travado por Hilton é que uma redução na jornada de trabalho não pode significar uma redução nos salários. “Muitas vezes, [o salário que esse trabalhador já recebe] já é um salário quase que ridículo para se sobreviver com os preços como estão hoje”, completou.
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