Atacarejos são ajudados pela inflação alimentar, mas competição barra crescimento

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Com o fim das divulgações dos números das principais varejistas de alimentos listadas na B3 na noite de segunda-feira (11), quando o Grupo Mateus apresentou seus resultados, é possível dizer que a inflação alimentar e a concorrência foram os assuntos mais importantes da temporada de balanços do terceiro trimestre para essas empresas, que têm no segmento de atacarejos suas divisões de negócios mais relevantes.

Se por um lado a maior pressão inflacionária, especialmente no fim do terceiro trimestre, ajudou a elevar as receitas das companhias; por outro, a maior concorrência, especialmente nas regiões em que o Assaí e o Atacadão (bandeira de atacarejo do Grupo Carrefour Brasil) atuam, segurou parte da alta das vendas.

Em vendas totais, a divisão de atacarejo do Carrefour avançou 8,3% no trimestre, sobre o mesmo período de 2023, somando R$ 19,7 bilhões. No Assaí, o avanço foi de 9,3%, para R$ 20,2 bilhões. No Grupo Mateus, o avanço foi de 20,7%, para R$ 9,4 bilhões.

“O ponto em comum que as três empresas têm é, talvez, a exposição à dinâmica de inflação alimentar. Esse ponto vinha sendo um desafio nos últimos trimestres, mas agora vemos uma aceleração da inflação de alimentos, o que pode ajudar a dinâmica de venda em mesmas lojas [conceito que compara apenas lojas que já existiam um ano antes]”, diz Danniela Eiger, líder de varejo e pesquisa da XP.

Para além da alta de preços fazer a receita crescer de forma direta, existe o efeito dos comerciantes que se abastecem nos atacarejos. Quando a tendência é de baixa de preços, esse público tende a comprar menos, pela percepção de que os itens podem ficar mais baratos nos próximos dias.

Nessa lógica, o comerciante mantém estoques baixos. Já quando a inflação volta a subir, esses clientes entram em tendência maior de estocagem, para garantir uma quantidade maior de produtos antes que os valores fiquem ainda mais altos.

O CEO do Grupo Carrefour Brasil, Stéphane Maquaire, disse a investidores na divulgação de resultados que, em setembro, teve início um novo momento de inflação alimentar no país, que dá a sensação de um quarto trimestre mais positivo. “Outubro seguiu a dinâmica de setembro”, complementou.

No Atacadão, as vendas em mesmas lojas subiram 5,6% no trimestre. No Grupo Mateus, a alta foi de 7,7%. Já no Assaí, esse efeito ainda não ficou claro, com vendas em mesmas lojas com alta de 2,6%.

Margens

Vitor Fagá, vice-presidente de Finanças do Assaí, disse que os resultados da companhia têm de ser olhados como um todo, no sentido de preservação de margens. “Temos sentido uma elasticidade menor nas vendas. Assim, vimos que aumentar o nível promocional não traria tanto aumento de receita”, afirmou Fagá ao Broadcast.

A margem bruta do terceiro trimestre de 2024 da companhia foi de 16,4%, avanço de 0,4 ponto porcentual (p.p.), enquanto a margem Ebitda foi de 7,4%, com queda de 0,1 p.p. No conceito ajustado, a margem Ebitda foi de 7,3%, com alta de 0,2 p.p.

Para o analista Rodrigo Gastim, do Itaú BBA, o avanço de margem da empresa foi um destaque positivo: “Acolhemos com satisfação um salto de margem bruta de 20 pontos-base na comparação anual. Em uma indústria altamente competitiva, é reconfortante ver as margens brutas sob controle. Por outro lado, o aumento anual de 20% nas despesas gerais e administrativas [reforçado pelas despesas do plano de incentivos] chamou nossa atenção”, escreveu Gastim.

No período, a margem bruta do Grupo Mateus subiu 0,2 p.p., para 22,7% e a margem Ebitda ajustada foi de 8,2%, com alta de 0,8 p.p. No Atacadão, a margem bruta caiu 0,2 p.p., para 15,5%; e a margem Ebitda ajustada foi mantida em 6,7%.

Para Eiger, da XP, a menor concorrência nas regiões em que o Grupo Mateus atua dá vantagens competitivas para a companhia. Essa é, inclusive, a preferência de compra entre as ações de varejo alimentar da casa de análise. O Assaí, também com recomendação de compra, traz a vantagem de ser um “atacarejo puro sangue”. Já o Carrefour tem recomendação neutra

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