Brasil pode atender demanda do setor de tecnologia com energia verde, dizem especialistas

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A energia consumida pelos computadores que operam data centers, inteligência artificial (IA) e criptoativos representou 2% da demanda global de eletricidade em 2022, algo semelhante ao que é registrado por países pequenos.

De acordo com projeções da Agência Internacional de Energia (AIE), essa demanda deve dobrar até 2026, chegando a patamares vistos do que é consumido por ano no Japão.

A energia é o principal recurso demandado pelo setor de tecnologia, e, apesar do cenário de encarecimento de preços hoje, o Brasil tem potencial para suprir a necessidade desse mercado, segundo analistas ouvidos pela CNN.

Alta demanda

IA e data centers são drenos de energia diante do alto volume de operações realizadas e necessidade de funcionamento ininterrupto, aponta Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação.

No ramo de IA, o destaque fica com processos de deep learning — quando o sistema “aprende” determinadas funções por meio de análises contínua de inúmeros dados.

“Além disso, a IA processa volumes enormes de informação em tempo real”, explica Igreja.

Já empresas de data center, como grandes instalações de servidores que armazenam, processam e distribuem dados online, precisam manter suas operações em funcionamento por 24 horas, todos os dias da semana.

Esse formato de trabalho e a necessidade de resfriamento das máquinas são grandes focos de gasto energético.

Isso implica um desafio tão grande para as empresas de tecnologia que, quando vai se preparar um data center, o investidor já faz a classificação dos ativos considerando a compra de energia durante toda a vida útil desses centros, segundo Luiz Serrano, CEO e Managing Partner da RZK Energia.

“A gente tem visto um boom de crescimento do setor tecnológico, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. E há uma pressão sobre o consumo de energia por conta do avanço tecnológico”, aponta Serrano.

Peso da energia renovável brasileira

O CEO da RZK Energia afirma que o Brasil já está atraindo a atenção do setor, evidenciado por empresas que investem em data centers e buscam alianças estratégicas ligadas à energia. Ele aponta para a autogeração como uma saída de corte de custos e sustentabilidade.

Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), reforça a ideia.

“Quando a gente vê grandes servidores sendo desenvolvidos e empresas aumentando sua capacidade, sabemos que o custo de energia mais tradicional é mais elevado. A fonte renovável dilui o custo e torna mais atrativo para a linha da tecnologia e da inovação”, afirma Bomtempo.

Os especialistas ouvidos pela CNN entram em consenso ao apontar o país como uma potência de energia renovável por conta dos recursos e a aplicação dessa modalidade no Brasil.

“Quando a gente olha para o futuro, nessa perspectiva do desafio da transição energética, de uma matriz limpa e renovável, o Brasil tem uma situação, uma condição competitiva em relação a outros países do mundo que é invejável”, afirma Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel).

“Nós temos condição de sermos líderes mundiais de transição energética limpa e renovável. E para isso, é fundamental que a gente não abra mão dos nossos recursos”, conclui.

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