Lixo espacial pode causar próxima crise ambiental?

CNN Brasil

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O lixo espacial é um grande obstáculo para a humanidade, especialmente com o avanço contínuo da tecnologia que permite enviar astronautas ao espaço. Desde o lançamento dos primeiros satélites, muitos cientistas já se preocupavam com a poluição que esse tipo de resíduo poderia causar no futuro.

Estudos recentes sobre o tema confirmam que o lixo espacial é um dos fatores que agravam a crise climática. O problema é que esses detritos afetam o clima do planeta e atuam como uma fonte de poluição na atmosfera.

É considerado lixo espacial qualquer objeto feito pelo homem que está sem funcionalidade e permanece em órbita ao redor da Terra, como satélites fora de operação, fragmentos de foguetes e restos de colisões.

Mas o problema não está nos objetos em si: quando entram de volta na atmosfera da Terra, eles, normalmente, se desintegram — ao queimar por causa da velocidade e do atrito — e podem liberar partículas na atmosfera, incluindo metais com potencial de piorar a crise ambiental.

Lixo espacial e a crise ambiental

Em um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, um grupo de pesquisadores descreve que conseguiu coletar amostras da composição do ar rarefeito na estratosfera, uma região distante e não afetada pelos poluentes produzidos na Terra.

Mesmo assim, os pesquisadores encontraram uma quantidade significativa de alumínio, cobre e chumbo — metais que contribuem para as mudanças climáticas.

Se não fosse afetado por poluentes, o ar rarefeito da estratosfera ainda apresentaria traços desses metais, mas em uma quantidade muito menor.

“Estamos encontrando esse material feito pelo homem no que consideramos uma área imaculada da atmosfera. E se algo está mudando na estratosfera — essa região estável da atmosfera — isso merece um olhar mais atento”, disse Dan Cziczo, um dos autores do estudo e professor da Universidade Purdue, em comunicado oficial.

O artigo aponta que as concentrações desses metais são semelhantes à proporção de compostos químicos utilizados para fabricar satélites.

Efeitos do lixo espacial na Terra

Além do lixo espacial, como satélites fora de uso e restos de foguetes que volta à atmosfera, a ciência indica que o aumento de lançamentos espaciais também contribui para o crescimento do nível de poluentes nas camadas superiores da atmosfera terrestre.

Nos últimos anos, o número de lançamentos espaciais cresceu significativamente, impulsionado pelo envio de satélites e missões comerciais tripuladas.

Por exemplo, a megaconstelação de satélites da SpaceX e outros sistemas semelhantes contribuíram para o aumento significativo dos lançamentos de foguetes.

Nesse caso, o problema é que os combustíveis usados nesses veículos espaciais liberam poluentes, como partículas de fuligem e outros compostos químicos, que se acumulam especialmente nas camadas superiores da atmosfera da Terra.

Alguns dos efeitos dos poluentes gerados pelo lixo espacial e pelos lançamentos de foguetes incluem:

  • no retorno à atmosfera, os satélites liberam óxidos de alumínio, compostos que podem alterar as temperaturas do planeta;
  • ambas as fontes de poluição contribuem para a destruição da camada de ozônio;
  • cientistas acreditam que 100 mil satélites estarão ao redor da Terra até o final da década;
  • quantidade de lixo espacial queimado na atmosfera deve atingir mais de 3.300 toneladas por ano.

A pior consequência da poluição nas regiões superiores da atmosfera terrestre é que ela permanece mais tempo nessa área e, consequentemente, causa mais danos.

Apesar disso, as pesquisas sobre os efeitos dos foguetes e do lixo espacial ainda estão em estágios iniciais; ou seja, ainda não é possível entender quais serão todas as consequências desses poluentes espaciais.

Em entrevista ao site Space, o professor de astronáutica Minkwan Kim alega que, se nenhuma autoridade internacional tomar alguma atitude contra essa situação, esses problemas podem causar danos irreversíveis ao planeta.

“Começar mais cedo provavelmente significaria uma chance melhor de evitar problemas sérios. Assim como com as emissões de dióxido de carbono (CO2), se acontecesse mais cedo, teríamos uma resposta melhor ao aquecimento global”, defende Kim.

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