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Uma missão da SpaceX, programada para unir os astronautas do Boeing Starliner com a espaçonave que os trará de volta para casa, foi lançada. Suni Williams e Butch Wilmore, da Nasa, estão na Estação Espacial Internacional há mais de 100 dias do que o previsto.
A missão da SpaceX, chamada Crew-9, decolou às 14h17 (horário de Brasília) neste sábado (28), da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida.
A Nasa havia adiado o lançamento previsto para a última quinta-feira (26), movendo a espaçonave de volta ao hangar, pois o furacão Helene ameaçava a Flórida e outras partes do sudeste dos Estados Unidos. As equipes da missão reorganizaram tudo na plataforma de lançamento nesta sexta-feira (27), depois que o perigo passou.
Diferente de outras viagens rotineiras que transportam astronautas de e para a estação espacial sob o Programa de Tripulação Comercial da Nasa — do qual a SpaceX já lançou oito missões —, o trecho de ida desta missão está levando apenas dois tripulantes em vez de quatro: o astronauta da agência norte-americana Nick Hague e o cosmonauta da Roscosmos Aleksandr Gorbunov.
Outros dois assentos estão vazios, reservados para Williams e Wilmore ocuparem no voo de volta da espaçonave em 2025. A configuração faz parte de um plano ad hoc que a Nasa decidiu implementar no final de agosto, depois que a agência espacial considerou a cápsula Starliner arriscada demais para o retorno com tripulação.
Os dois viajaram no Starliner para a Estação Espacial Internacional no início de junho, para o que se esperava ser um voo de teste de cerca de uma semana.
No momento do lançamento, Hague e Gorbunov estavam presos dentro da espaçonave Crew Dragon da SpaceX, apelidada de Freedom, posicionada no topo de um foguete Falcon 9. O veículo de lançamento ganhou vida com o acionamento de seus nove motores massivos, que ficam em sua base, impulsionando o sistema de foguetes de 544.300 kg para o ar.
Após cerca de dois minutos e meio, o primeiro estágio do foguete Falcon 9 parou de disparar e se separou do segundo estágio. Este, então, acionou seu próprio motor e continuou a propelir a cápsula Crew Dragon a mais de 27.360 quilômetros por hora — ou 22 vezes a velocidade do som.
Enquanto a tripulação acelerava, o primeiro estágio do foguete guiou-se de volta para pousar em uma plataforma na Flórida, permitindo que a SpaceX o recondicionasse e reutilizasse.
Quando a cápsula Crew Dragon atingisse a velocidade orbital, a espaçonave se separaria do segundo estágio do Falcon 9 e começaria a manobrar sozinha em órbita, usando propulsores a bordo para ajustar sua posição gradualmente e se conectar com a Estação Espacial Internacional, o que estava previsto para cerca de 18h30 (horário de Brasília) no domingo (29).
Uma troca de tripulação ‘de partir o coração’
Williams e Wilmore assistiram, no dia 6 de setembro, enquanto sua cápsula Starliner, construída pela Boeing, retornava da estação sem eles.
Os engenheiros trabalharam por meses para entender os problemas com vazamentos de hélio e falhas nos propulsores que afetaram a jornada da espaçonave até a estação espacial, e a Nasa acabou declarando que havia muitas incertezas e riscos para confiar no veículo para transportar a tripulação no retorno.
Ainda não está claro quando o Starliner da Boeing poderá voar novamente.
A Nasa continua na mesma situação em que se encontra há quatro anos, com a SpaceX como a única fornecedora do Programa de Tripulação Comercial da agência espacial, que foi projetado para entregar ao setor privado a tarefa de fazer as rotações da tripulação na Estação Espacial Internacional.
A Boeing e a SpaceX receberam contratos em 2014, e a empresa de Elon Musk começou a fazer viagens de rotina em 2020, enquanto a Boeing tem se esforçado para levar o desenvolvimento da Starliner até a linha de chegada.
Para levar Williams e Wilmore para casa, a Nasa recorreu à SpaceX — optando por remover dois membros previamente designados de sua equipe Crew-9 para abrir espaço para os pilotos de teste da espaçonave da Boeing.
A agência espacial anunciou no final de agosto que as astronautas da Nasa Stephanie Wilson e Zena Cardman seriam os membros retirados da missão. A segunda estava pronta para fazer sua primeira viagem ao espaço e deveria ser a comandante da missão Crew-9.
Gorbunov, um cosmonauta russo que conseguiu seu lugar por meio de um acordo de compartilhamento de viagens firmado entre a Nasa e a agência espacial russa, Roscosmos, permaneceu na tripulação. E Cardman entregou as funções de comandante — a posição mais alta em um voo espacial — a Hague, que já havia sido nomeado piloto da Crew-9.
“Passar o leme para [Hague] é ao mesmo tempo doloroso e uma honra. Nick e Alex são realmente uma excelente equipe e estarão prontos para assumir o comando”, disse Cardman em um post na plataforma social X, antigo Twitter, após o anúncio.
“Eu só queria que [Wilson], Nick, Alex e eu pudéssemos voar juntos, mas escolhemos sem hesitação fazer parte de algo muito maior do que nós mesmos. Ad astra per aspera. Força Crew 9.”
Enquanto isso, Williams e Wilmore se integraram à vida cotidiana na estação espacial. A dupla fez a transição de um cronograma de missão de teste mais leve para assumir funções como membros da tripulação em tempo integral, com o astronauta assumindo a função de comandante no laboratório em órbita.
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A espaçonave Starliner, da Boeing, durante lançamento para voo tripulado no dia 5 de junho de 2024 • Joe Raedle/Getty Images
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A espaçonave Starliner, da Boeing, durante lançamento para voo tripulado no dia 5 de junho de 2024 • Joe Raedle/Getty Images
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A espaçonave Starliner, da Boeing, em preparação para lançamento na terça-feira, 5 de junho de 2024 • Reprodução/ULA
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O veículo espacial Starliner leva dois astronautas da Nasa para uma estadia de aproximadamente uma semana na Estação Espacial Internacional; na foto, Butch Wilmore (esq.) e Suni Williams • Nasa/Joel Kowsky
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Nave espacial Starliner em preparação para voo na Estação da Força Espacial Americana em Cabo Canaveral (Flórida) • Joel Kowsky/NASA via Getty Images
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Nave espacial Starliner em preparação para voo na Estação da Força Espacial Americana em Cabo Canaveral (Flórida) • Joe Raedle/Getty Images
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Nave espacial Starliner em preparação para voo na Estação da Força Espacial Americana em Cabo Canaveral (Flórida) • Joe Raedle/Getty Images
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Nave espacial Starliner em preparação para voo na Estação da Força Espacial Americana em Cabo Canaveral (Flórida) • Joel Kowsky/NASA via Getty Images
Gorbunov e Hague se juntarão a eles após o acoplamento com a estação espacial.
Quando lhe perguntaram se ele teve problemas para se adaptar à perspectiva de esperar meses a mais para voltar para casa, Wilmore disse, durante uma coletiva de imprensa realizada em 13 de setembro na estação espacial: “Não vou me preocupar com isso. Quero dizer, não há nenhum benefício nisso. Portanto, minha transição foi — talvez não tenha sido instantânea — mas foi bem próxima”.
Williams disse que sentia falta da família e que estava desapontada por perder alguns eventos familiares neste outono e inverno, mas acrescentou: “Este é o meu lugar feliz. Adoro estar aqui em cima no espaço. É muito divertido. Sabe, todo dia você faz algo que é trabalho, entre aspas, você pode fazer de cabeça para baixo. Você pode fazer de lado, então isso acrescenta uma perspectiva um pouco diferente.”
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