Valor gasto com apostas não altera endividamento das famílias, mostra pesquisa

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Um estudo da LCA Consultoria Econômica defende que ainda não existem evidências suficientes de que o gasto dos brasileiros com apostas esportivas por meio das chamadas bets tenha impactado significativamente o endividamento familiar entre 2022 e 2024.

De acordo com os cálculos da consultoria, os gastos com as apostas online representam uma fração entre 0,2% e 0,5% do consumo total familiar. Já os gastos líquidos anuais com as bets variam entre 0,1% e 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

“Por mais que tenhamos algumas questões focalizadas de problemas relacionados a famílias endividadas, gasto excessivo e ludopatia, quando olhamos de forma mais ampla para o mercado considerando o gasto líquido, percebemos que ele tem crescido, mas ainda não representa algo significativamente grande para ter um impacto na economia de forma sistêmica”, afirma o economista Eric Brasil, diretor da LCA e autor do estudo.

O relatório aponta ainda que, se as famílias dedicassem 100% do que gastaram nas apostas nos últimos 12 meses para o pagamento de dívidas, o endividamento total das famílias na economia diminuiria menos de 0,5 ponto percentual (p.p.).

O estudo considerou o volume de turnover (total de dinheiro apostado), que é distribuído entre apostadores e operadores, com essa distribuição atrelada à taxa de Return-to-Player (RTP, que indica a porcentagem do total apostado que é devolvida aos jogadores como prêmio).

No Brasil, as empresas pertencentes ao Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) apresentam um RTP em torno de 93%. Ou seja, o número indica que, de uma forma geral, cada R$ 100 apostados, R$ 93 retornam aos apostadores.

Por fim, a parcela dos recursos que não retorna aos apostadores se transforma em Gross Gaming Revenue (GGR, é a diferença entre o total apostado e o total pago em prêmios, representando a receita bruta das casas de apostas). Uma parte desse valor é utilizada para pagamento de tributos e manutenção do negócio.

O setor de apostas esportivas estima que apenas 7% de todos os recursos depositados nas plataformas fica de fato com as empresas. O restante (93%) seria gasto com o pagamento de premiação.

Nessa linha, o setor estima que o gasto líquido anual com apostas no Brasil seja de R$ 16,3 bilhões. Já no estudo da autoridade monetária, o mercado foi avaliado em R$ 34,9 bilhões.

O estudo da LCA cita os gastos das famílias com a chamada indústria criativa, que engloba cinema, teatro, fotografia e jogos eletrônicos. As despesas com esse segmento representariam hoje 10,8% dos gastos familiares.

Segundo Eric Brasil, as plataformas de apostas vivem um boom, assim como outros serviços de tecnologia registraram à medida que o acesso para a população se disseminava.

“Essa alta aconteceu com os streamings e com os aplicativos de viagem. A partir do momento que a tecnologia permitiu o acesso e os consumidores conheceram ela, o mercado cresceu. Esperamos agora uma certa acomodação. Isso pela regulação que teremos com os operadores”, disse.

O governo tem anunciado medidas para desestimular as apostas esportivas. Na tributação, por exemplo, o setor se esforça para evitar que as bets sejam enquadradas no chamado “imposto do pecado”, aplicado a produtos e serviços considerados prejudiciais para a saúde.

De acordo com os cálculos da LCA, a tributação das plataformas de apostas é de 27% sobre a receita atualmente, enquanto os custos operacionais somam 58%. Na conta, também são considerados PIS/Cofins, ISS, IPRJ, CSLL e uma alíquota adicional de 12% criada pela lei nº 14.790/2023, que regula as bets.

Bolsa Família

Um dos pontos mais polêmicos do debate sobre as apostas esportivas são os gastos efetuados por beneficiários do Bolsa Família. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou o governo discutir restrições de pagamento às apostas online.

A medida, no entanto, só deve avançar após uma avaliação do governo sobre os efeitos do bloqueio de cerca de 2 mil sites de apostas irregulares, que serão retirados do ar na próxima semana.

O estudo da LCA estima que as pessoas contempladas pelo programa gastaram R$ 210 milhões em bets no mês de agosto. O dado apresenta divergência de dados divulgados pelo Banco Central (BC) apontando que beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões às empresas de apostas, por meio de pix em agosto deste ano.

A análise considera o valor enviado à plataforma, o dinheiro que retorna ao jogador e quantia que é retida pela empresa (taxas e depósitos deixados pelos jogadores para futuras apostas). De acordo com a LCA, essa cifra representa 1,5% dos R$ 14,1 bilhões repassados aos beneficiários no período.

O valor de R$ 210 milhões é a diferença entre o total de apostas feitas e o total pago em prêmios. Para isso, a taxa de retorno de 93% é levada em consideração pelo estudo, sendo a média praticada pelas bets associadas ao Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR).

Até o momento, não houve nenhuma definição sobre o bloqueio ou limitação do cartão do Bolsa Família para o pagamento de apostas online. O governo pretende fazer um pente-fino nos sites ilegais para tomar uma decisão.

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